sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Daniel Defoe


Daniel Defoe (Londres, 1660 – Londres, 21 de Abril de 1731) foi um escritor e jornalista inglês, famoso pelo seu romance Robinson Crusoe.

Nascido como Daniel Foe, provavelmente na paróquia de St.Giles Cripplegate, foi aluno de Charles Morton, cujo estilo, juntamente com aqueles de John Bunyan e da oratória da época, poderá tê-lo influenciado construtivamente. Depois de acabados os estudos, Defoe tornou-se comerciante, embora a sua tendência para a especulação não tenha favorecido essa carreira.

Defoe escreveu panfletos famosos, muitos deles favoráveis a Guilherme III. Para além disso, fundou e incrementou o jornal periódico The Review quase sozinho, desenvolvendo um trabalho que viria a favorecer a afirmação dos famosos The Tatler e The Spectator.

Contudo, foi graças a Robinson Crusoe, de 1719, que ficou famoso. Os críticos consideram geralmente que a forma moderna do romance nasceu com esse texto narrativo, que, partindo das memórias de alguns viajantes, nomeadamente do marinheiro escocês Alexander Selkirk, configura um relato cuja verdade depende sobretudo da acumulação de pormenores concretos.

Neste romance narra-se a história do único sobrevivente de um naufrágio que o isola numa ilha aparentemente deserta. Assim se figura o percurso de uma personagem que, tudo fazendo para conservar os valores da sua humanidade básica, afirmando-os sobre uma natureza hostil e frequentemente incompreensível, acaba por ser adoptada pela História das Ideias como um arquétipo dessa condição.

Em Moll Flanders de 1722, Daniel Defoe continuou a problematizar narrativamente os percursos de personagens solitárias e em crise. Uma outra obra significativa é A Journal of the Plague Year, também de 1722, na qual constrói um relato de uma epidemia de peste com admirável e original realismo.
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Nasci em 1632, na cidade de York, onde meu pai passara a viver, depois de ter conseguido, com seus negócios, alguns meios de fortuna. Tinha dois irmãos mais velhos do que eu. Um, tenente-coronel, que faleceu na batalha de Dunquerque, na luta contra os espanhóis. Quanto ao outro, nada sabia do que lhe sucedera, coisa que nem meus pais podiam informar-me, tanto o tempo que nos deixara.

Como não tinha o que fazer, porque não aprendera ofício algum, dei de encher a cabeça com fantasias. Estudara numa excelente escola pública de York, meu pai desejava que eu seguisse a carreira de advogado, mas o desejo que me consumia era outro.

Dedicar-me à vida do mar era coisa que me dominava inteiramente, pondo-me surdo às advertências e às solicitações serenas e doces de minha boa mãe. Meu pai, homem grave e enérgico, deu-me ótimos conselhos, para que deixasse de lado aquelas fantasias, mas tudo foi em vão. O chamamento do mar era coisa poderosa, que me atraía e subjugava.

Um dia, chamou-me ele ao seu quarto, porque acamado, e me falou, mais quente e mais seriamente, das minhas frioleiras, inquirindo-me sobre a razão de meu desejo de deixar a casa paterna, onde tudo tinha para enriquecer, graças à minha aplicação, podendo levar vida agradável e tranqüila."

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